Campanha da Fraternidade 2012 – Fraternidade e Saúde Pública

    Queridos irmãos(as), todo ano a Igreja Católica desde o ano de 1964 promove a Campanha da Fraternidade como itinerário evangelizador para viver intensamente o tempo da quaresma. A Igreja propõe como tema da Campanha deste ano: “A Fraternidade e a Saúde Pública” e como lema: “Que a saúde se difunda sobre a terra” (Conf Eclo 38,8). Deseja assim, sensibilizar a todos sobre à dura realidade de irmãos e irmãs que não tem acesso à assistência de saúde pública condizente com suas necessidades e dignidade. É uma realidade que clama por ações transformadoras. A conversão pede que as estruturas de morte sejam transformadas. É o convite do Senhor Jesus Cristo para todos nós: “Converte-te e crê no Evangelho!” A Igreja, nesta quaresma, à luz da Palavra de Deus, deseja iluminar a dura realidade da saúde pública e levar os seus filhos como discípulos-missionários a serem consolo na doença, na dor, no sofrimento e na morte. E, ao mesmo tempo, exigir que os pobres tenham um atendimento digno em relação à saúde. Que ela se difunda sobre a terra, pois a salvação já nos foi alcançada por Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

     Caríssimos, a nossa fé em Deus não pode ser desvinculada da nossa realidade humana e nem Deus quer isto. Devemos ter bem presente que a saúde é um dever constitucional imposto ao Estado, mas que não compete só a ele, porque as pessoas, as famílias, as empresas e a sociedade também são responsáveis por sua implementação e eficiência. Sem dúvida alguma, a igreja desenvolve um importante papel na conscientização da população e toda vez que faz uma campanha, consegue resultados surpreendentes. A Igreja sempre teve um papel indispensável no desenvolvimento dos Estados e no caso do Brasil, especialmente no que tange à saúde, seu papel sempre foi de extrema relevância, porque atuou de forma bastante ativa no Movimento de Reforma Sanitária. Eu penso que se a Igreja encampar a ideia de uma saúde que além de direito de todos, seja também dever, naquilo que já exemplifiquei acima, certamente vai contribuir para que o Estado e a Sociedade criem soluções para os problemas existentes na área da saúde pública. É preciso que a Igreja jamais abandone esta frente, pois seu papel é inalienável.

     Caro amigo leitor, quero fazer uma explicação do cartaz da CF 2012, para sua melhor compreensão: o cartaz atualiza o encanto do Bom Samaritano com o doente que necessita de cuidados (Lc 10, 29-37). A mão do profissional da saúde segurando as mãos da pessoa enferma, afasta a cultura da morte e visibiliza a acolhida entre irmãos (o próximo). A Igreja como mãe, em sua samaritanidade, aproxima-se e cuida dos doentes, dos fracos, dos feridos, de todos que se encontram à margem do caminho. O profissional de pé, o enfermo sentado e olhos nos olhos, lembram o compromisso e a dedicação do profissional da saúde, no processo de cura do paciente, e a confiança do doente naquele que o acolhe e cuida. A acolhida e o cuidado aliviam a dor, estabelece uma relação de confiança decisiva para a cura e superação das barreiras sociais. A Cruz que sustenta e ilumina o sentido do cartaz, recorda a salvação que Jesus Cristo nos conquistou. Ela ilumina a vida humana, a morte, as dores, o sofrimento das pessoas sem assistência de saúde. No entanto, é ela também que ilumina o encanto entre o profissional da saúde e o doente, pois aponta para a esperança da transformação completa: um novo céu e uma nova terra. A alegria do encontro retratado no cartaz recorda aos profissionais da saúde que foram escolhidos para atualizar a atitude do Bom Samaritano em relação aos enfermos. Mobiliza os gestores do sistema de saúde a se empenharem para possibilitar atendimento digno e saúde para todos. Que a saúde se difunda sobre a terra.

    Que todos nós, povo de Deus, homens e mulheres de boa vontade, grupos e famílias, tenhamos uma abençoada caminhada quaresmal e celebremos Jesus Cristo que fez novas todas as coisas.

Deus os abençoe!

Padre Francisco do Bonfim Almeida de Sousa

Valentim Gentil-SP